PT2741824T - Utilização de estetrol como contracetivo de emergência - Google Patents

Utilização de estetrol como contracetivo de emergência Download PDF

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PT2741824T
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Jan Tijmen Coelingh Bennink Herman
Petit Ludivine
Foidart Jean-Michel
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Description

DESCRIÇÃO "UTILIZAÇÃO DE ESTETROL COMO CONTRACETIVO DE EMERGÊNCIA"
CAMPO DA INVENÇÃO A presente invenção refere-se a uma nova utilização de um estrogénio tetra-hidroxilado representado pela fórmula (I); de um modo preferido, do composto medicinal conhecido estetrol (1,3,5(10)-estratrien-3,15a,16a,ΙΤβ-tetrol), nomeadamente num método de contraceção de emergência.
ANTECEDENTES DA INVENÇÃO
Apesar da disponibilidade de métodos altamente eficazes de contraceção, um grande número de gravidezes são não planeadas, e. g., em resultado da falta de acesso a contracetivos ou falha dos contracetivos (tal como deslizamento do preservativo). A contraceção de emergência (EC), utilizando um fármaco ou dispositivo, é um meio importante de prevenção da gravidez não desejada após relações sexuais. Foram descritas diversas abordagens à contraceção de emergência. Embora o dispositivo intrauterino de cobre seja o método de EC mais eficaz que pode ser utilizado até 5 dias após o tempo estimado de ovulação, a sua utilização generalizada é limitada devido à logística e a razões clinicas. No final dos anos 70, Yuzpe introduziu um regime envolvendo a utilização combinada de estrogénio (0,1 mg de etinilestradiol) e progestagénio (0,5 mg de levonorgestrel) nas 72 horas após a relação sexual e repetido após 12 horas. O regime de Yuzpe foi associado com uma elevada incidência de náuseas e vómitos devido ao elevado teor de estrogénio. Desde os anos 90, o potencial de levonorgestrel (LNG), um progestagénio sintético, foi reconhecido. Mostrou-se que o tratamento com 0,75 mg de LNG, repetido após 12 horas ou como uma dose única de 1,5 mg, nas 72 horas após a relação sexual estava associado com uma menor taxa de efeitos secundários e maior eficácia do que o regime de Yuzpe. Contudo, se administrado quando a hormona luteinizante tinha já começa a aumentar (surgimento da LH), o LNG carece de eficácia. O modulador do recetor de progesterona mifepristona (10 mg) oferece outra opção para EC com efeitos secundários muito reduzidos e maior eficácia do que o regime de Yuzpe. Também o intervalo entre o coito e o tratamento poderia ser aumentado para 120 horas com a mifepristona. Ainda outro regime é o tratamento com o modulador do recetor de progesterona acetato de ulipristal, o qual é mais eficaz do que o LNG e o qual pode ser utilizado até 120 horas após a relação sexual.
Permanece uma necessidade na técnica para métodos de contraceção de emergência alternativos com efeitos secundários reduzidos, os quais sejam eficazes na prevenção de gravidez indesejada após relação sexual, e que possam ser administrados numa dose única eficaz, até 120 horas após a relação sexual. A presente invenção proporciona agora um novo contracetivo de emergência que ultrapassa os problemas apresentados acima, pelo menos parcialmente.
SUMÁRIO DA INVENÇÃO A presente invenção proporciona um novo contracetivo de emergência, compreendendo estetrol, um estrogénio natural, produzido pelo figado fetal humano apenas durante a gravidez. Estruturalmente, o estetrol é caracterizado pela presença de quatro grupos hidroxilo. No passado, o estetrol foi considerado como um estrogénio fraco, devido à sua afinidade relativamente baixa para os recetores de estrogénio. Contudo, estudos recentes em ratos mostraram elevada absorção oral e biodisponibilidade, o que resultou num interesse renovado no estetrol. Estudos recentes apoiam a sua potencial utilização em aplicações, tais como terapia de substituição hormonal, contraceção, prevenção de osteoporose e tratamento de cancro da mama (ver, e. g., Coelingh Bennink et ai., em Contraception, 77, 186-190, 2008; Visser e Coelingh Bennink em J. Ster. Biochem. & Mol. Biol., 114, 85-89, 2009 e documento US 2004/0192620), mas nunca a sua utilização na contraceção de emergência.
Num aspeto, a presente invenção proporciona, assim, um método de contraceção de emergência numa fêmea de mamífero compreendendo a administração de um contracetivo de emergência compreendendo estrogénio tetra-hidroxilado representado pela fórmula (I) geral:
em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo, um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono, ou um grupo ceto, de um modo preferido, em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo ou um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono; em que cada de R5, R6, R7 é um grupo hidroxilo; e em que não mais do que 3 de Rl, R2, R3, R4 são átomos de hidrogénio, numa quantidade eficaz para inibir a gravidez num mamífero fêmea, em que a referida administração é realizada através de administração não vaginal.
Numa forma de realização preferida, o estrogénio tetra-hidroxilado compreendido no contracetivo de emergência como aqui divulgado, é estetrol (l,3,5(10)-estratrien-3,15α,16α,17β-ΡβίΓθ1). Numa forma de realização preferida, o contracetivo de emergência como aqui divulgado compreende um estrogénio tetra-hidroxilado numa dose de entre 0,5 e 7 mg/kg.
Noutra forma de realização o contracetivo de emergência como aqui divulgado compreende ainda um ingrediente ativo adicional adequado para prevenir a gravidez.
Outro aspeto da presente divulgação proporciona a utilização de um contracetivo de emergência como aqui ensinado para impedir a ovulação.
Ainda outro aspeto da presente divulgação proporciona a utilização de um contracetivo de emergência como aqui ensinado para prevenir a gravidez.
Ainda outro aspeto da presente divulgação abrange um método para impedir a ovulação e/ou gravidez numa fêmea de mamífero compreendendo a administração do contracetivo de emergência como aqui divulgado numa quantidade eficaz para inibir a ovulação e/ou gravidez. De acordo com a invenção, a administração do contracetivo de emergência, como aqui divulgado, é realizada não vaginalmente. De um modo muito preferido, a referida administração é realizada através de administração oral, parentérica, retal, transcutânea ou tópica.
Numa forma de realização preferida do método aqui divulgado, a administração do contracetivo de emergência como aqui divulgado é realizada numa dosagem única.
Noutra forma de realização preferida, a administração do contracetivo de emergência como aqui divulgado é realizada numa dosagem dupla, e. g., com um intervalo de 6, 12, 18, ou 24 horas.
Numa forma de realização preferida adicional, a administração do contracetivo de emergência como aqui divulgado é realizada nas 120 horas após a relação sexual, de um modo preferido, nas 96, 72, 48, 24, 12 horas ou menos. Ainda outro aspeto da presente invenção, proporciona um método de contraceção de emergência em fêmeas de mamífero, método que compreende a administração oral, parentérica, retal, transcutânea ou tópica de um estrogénio tetra-hidroxilado representado pela fórmula (I) geral:
em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo, um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono, ou um grupo ceto, de um modo preferido, em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um hidrogénio átomo, um grupo hidroxilo ou um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono; em que cada de R5, R6, R7 é um grupo hidroxilo; e em que não mais do que 3 de Rl, R2, R3, R4 são átomos de hidrogénio, a uma fêmea com capacidade fértil numa quantidade eficaz para inibir a gravidez e em que o método abrange a administração de uma dose única do referido estrogénio ao referido indivíduo nas 120 horas após a relação sexual.
De um modo preferido, a referida composição farmacêutica compreende estetrol (1,3,5 (10)-estratrien-3,15a,16a,17p-tetrol) .
Noutra forma de realização, a referida composição farmacêutica compreende ainda um ingrediente ativo adicional.
Ainda outro aspeto da presente divulgação abrange um kit compreendendo o contracetivo de emergência como aqui divulgado ou a composição farmacêutica como aqui divulgada, e instruções para utilização.
BREVE DESCRIÇÃO DAS FIGURAS A presente invenção é ilustrada pelas figuras seguintes, as quais são para serem consideradas apenas para fins ilustrativos. A Figura 1 proporciona os níveis plasmáticos médios de estetrol (± erro padrão) de mulheres pós-menopáusicas saudáveis às quais foi administrada uma dose única de 1, 10 ou 100 mg de estetrol. A Figura 2 proporciona a percentagem de alteração dos níveis médios de hormona luteinizante (LH) em mulheres pós-menopáusicas que receberam uma dose oral única de 100 mg de estetrol. A Figura 3 proporciona a percentagem de alteração dos níveis médios de hormona estimulante dos folículos (FSH) em mulheres pós-menopáusicas que receberam uma dose oral única de 100 mg de estetrol.
DESCRIÇÃO DETALHADA DA INVENÇÃO A matéria que não está abrangida pelo âmbito das reivindicações não faz parte da presente invenção reivindicada. Como aqui utilizadas, as formas singulares "um", "uma", e "o/a" incluem os referentes singulares e plurais a menos que o contexto indique claramente de outro modo.
Os termos "compreendendo", "compreende" e a expressão "composto por" como aqui utilizados, são sinónimos com "incluindo", "inclui" ou "contendo", "contém", e são inclusivos ou abertos e não excluem elementos ou passos do método não referidos, adicionais. Quando as formas de realização são referidas como "compreendendo" características, elementos ou passos particulares, estas destinam-se a incluir especificamente formas de realização que consistem das características, elementos ou passos indicados. A recitação de gamas numéricas pelos pontos extremos inclui todos os números e frações subsomadas dentro das respetivas gamas, bem como os pontos extremos recitados. A expressão "cerca de" aqui como utilizada, quando se refere a um valor mensurável, tais como um parâmetro, uma quantidade, uma duração temporal, e semelhantes, pretende abranger variações de +/-10% ou menos, de um modo preferido, + /-5% ou menos, de um modo mais preferido, +/-1% ou menos e, de um modo ainda mais preferido, +/-0,1% ou menos de e a partir de um valor especificado, na medida em que tais variações sejam apropriadas de se realizarem na invenção divulgado. É para ser entendido que o valor ao qual o modificador "cerca de" se refere é ele próprio também especificamente e, de um modo preferido, divulgado. A menos que definido de outro modo, todos os termos utilizados na divulgação da invenção, incluindo termos técnicos e científicos, têm o significado como geralmente entendido por um especialista na técnica à qual esta invenção pertence. Por meio de orientação adicional, as definições para os termos utilizados na descrição estão incluídas para melhor entender o ensinamento da presente invenção. A referência ao longo desta descrição a "uma forma de realização" ou "uma forma de realização" significa que uma particularidade, estrutura ou característica particular descrita em associação com a forma de realização está incluída em, pelo menos, uma forma de realização da presente invenção. Assim, o aparecimento das frases "em uma forma de realização" ou "numa forma de realização" em vários locais ao longo desta descrição não se referem necessariamente todas, à mesma forma de realização, mas podem. Além disso, as particularidades, estruturas ou características particulares podem ser combinadas de qualquer modo adequado, como seria evidente para um especialista na técnica a partir desta divulgação, numa ou mais formas de realização. Além disso, enquanto algumas formas de realização aqui descritas incluem algumas mas não outras características incluídas noutras formas de realização, as combinações de características de diferentes formas de realização pretendem estar dentro do âmbito da invenção, e formam diferentes formas de realização, como seria entendido por aqueles na técnica. Por exemplo, nas reivindicações anexas, quaisquer das formas de realização reivindicadas podem ser utilizadas em qualquer combinação. A presente requerente verificou que a contraceção de emergência pode ser proporcionada por administração de uma dose única de um estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol. Estes verificaram que o estetrol pode inibir a ovulação em ratos e prevenir a gravidez em coelhos. Além disso, estes mostraram que o estetrol tem um efeito inibidor sobre as gonadotrofinas (hormona luteinizante e hormona estimuladora de folículos) em mulheres pós-menopáusicas precoces às quais foi administrada oralmente uma dose única de estetrol. Além disso, mostrou-se que o estetrol tem uma bioabsorção oral elevada e uma meia-vida de eliminação notavelmente longa.
Por conseguinte, um aspeto da presente invenção refere-se à utilização de um estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, como uma contraceção de emergência ou num método de contraceção de emergência. A "contraceção de emergência" é aqui definida como um tratamento que visa o impedimento de gravidez após a relação sexual. Em contraste com um contracetivo normal, o qual é administrado diariamente, numa dose reduzida, durante o ciclo de ovulação, um contracetivo de emergência é geralmente administrado numa dose elevada única (ou dupla). "Gravidez" refere-se, neste contexto, ao estado de uma fêmea após um óvulo fertilizado se ter implantado com sucesso no revestimento do útero. "Estetrol", "1,3,5 (10)-estratrien-3,15a,16a, 17p-tetrol" e "E4" são sinónimos e são aqui utilizados indistintamente para se referirem a um estrogénio natural, produzido pelo fígado fetal humano apenas durante a gravidez. Estruturalmente, este é caracterizado pela presença de quatro grupos hidroxilo, daí o seu acrónimo E4. O estetrol foi proposto para a terapia de substituição hormonal, contraceção, prevenção de osteoporose e tratamento de cancro da mama, mas nunca para utilização como um contracetivo de emergência. O estetrol é um denominado "estrogénio tetra-hidroxilado" e também abrange derivados, tal como aqueles representados pela fórmula (I) geral:
(i) em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo, um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono, ou um grupo ceto; em que cada de R5, R6, R7 é um grupo hidroxilo; e em que não mais do que 3 de Rl, R2, R3, R4 são átomos de hidrogénio.
Numa forma de realização preferida, o referido estrogénio tetra-hidroxilado é estetrol possuindo a fórmula (II) seguinte:
(II)
Devido à meia-vida de eliminação notavelmente longa do estetrol, o contracetivo de emergência da presente invenção pode ser administrado numa dose única. Contudo, está também aqui abrangida a administração de múltiplas doses, e. g., duas doses, tomadas, por exemplo, com intervalo de 12 horas.
Quando utilizada em humanos, podem ser obtidos bons resultados com uma dose oral única de entre 30 mg e 400 mg, tais como entre 40 mg e 250 mg, entre 40 mg e 200 mg, entre 40 mg e 150 mg, entre 40 mg e 100 mg, ou entre 50 mg e 100 mg do estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol.
Em alternativa, a dose única do estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, pode ser determinada considerando o peso corporal do indivíduo ao qual esta necessita de ser administrada. As doses típicas são aquelas nas gamas seguintes: 0,5 a 7,0 mg/kg, 1,0 a 5,0 mg/kg, 1,5 a 2,5 mg/kg, ou cerca de 2,0 mg/kg. Uma dose de 0,5 mg/kg corresponda assim a uma dose de 30 mg para um indivíduo com um peso corporal de 60 kg, enquanto uma dose de 4 mg/kg corresponde a uma dose de 240 mg/kg para um indivíduo com um peso corporal de 60 kg, etc.
Numa forma de realização preferida, o contracetivo de emergência da presente invenção pode ser administrado oralmente para utilização como contracetivo de emergência. De um modo vantajoso, a requerente verificou que após a toma oral, é observado um nível de pico rápido e elevado de estetrol no plasma. Assim, podem ser obtidos efeitos imediatos após a administração oral de estetrol. As formas de dosagem orais são bem conhecidas pelos especialistas na técnica e podem ser, por exemplo, comprimidos, comprimidos revestidos com película, comprimidos revestidos, cápsulas, cápsulas de gel, pílulas ou preparações em pó. Além do ingrediente ativo estetrol, as formas de dosagem de acordo com a presente invenção compreendem ainda um excipiente farmaceuticamente aceitável, tais como, por exemplo, mas não limitados a lactose, amido, polivinilpirrolidona (PVP), estearato de magnésio, etc.
Em alternativa, o contracetivo de emergência da presente invenção também pode ser administrado através de administração parentérica, retal, transcutânea ou tópica. De acordo com a invenção, o contracetivo de emergência da presente invenção é administrado não vaginalmente. Noutra forma de realização, o contracetivo de emergência da presente invenção também pode ser administrado através de administração parentérica, retal, transcutânea ou tópica.
Também são aqui divulgadas formas de dosagem que compreendem ainda outro ingrediente ativo ou um excipiente que tem uma determinada atividade.
Outro aspeto da presente divulgação refere-se a uma composição farmacêutica compreendendo entre 0,5 mg/kg e 7 mg/kg de estetrol, como ingrediente ativo e um excipiente farmaceuticamente aceitável. O contracetivo de emergência da presente invenção é administrado num periodo de tempo limitado após a relação sexual e, de um modo preferido, tão breve quanto possível, após a relação sexual. Normalmente este período de tempo é 120 horas (5 dias) após a relação sexual, tal como em 96 (4 dias), 72 (3 dias), 48 (2 dias), 24 horas (1 dia) após a relação sexual, ou menos.
Os resultados obtidos pela presente invenção indicam que E4 em coelhos impede gravidezes com uma eficácia elevada. Sem se querer estar limitado por qualquer teoria, E4 pode ser utilizado até 120 horas após a relação sexual, o qual proporciona uma vantagem em relação a pílulas de emergência conhecidas. Mostrou-se aqui que o estetrol impede a ovulação e impede gravidezes. O estetrol é eficaz mesmo quando administrado pouco antes da ovulação quando o surgimento da LH já começou a aumentar, um período de tempo quando a utilização de, e. g., levonorgestrel já não é eficaz, ou mesmo após a ovulação, quando nenhuma das pílulas de emergência existentes é eficaz. A requerente mostrou que doses únicas até 100 mg de estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, são seguras e bem toleradas em humanos, a qual é uma vantagem em relação a estrogénios sintéticos, tal como etinilestradiol, os quais estão associados com efeitos secundários indesejáveis, tais como tromboembolismo, retenção de fluidos, náuseas, inchaço, colelitíase, dores de cabeça e dores no peito.
Outro aspeto da presente invenção refere-se a um método de contraceção de emergência, método que compreende a administração oral de uma dose única de estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, de entre 0,5 e 7 mg/kg a uma fêmea nas 120 horas após a relação sexual. É ainda aqui divulgado um regime de dosagem para contraceção de emergência utilizando estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, como ingrediente ativo. O regime de dosagem de acordo com a presente invenção é uma dose única de entre 0,5 e 7 mg/kg de estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, como ingrediente ativo, é administrado nas 120 horas após a relação sexual.
Em alternativa, o referido regime de dosagem pode ser aplicado em duas fases consecutivas, com, e. g., um intervalo de 6, 12, 18, ou 24 horas.
Também é aqui divulgado um kit de contracetivo de emergência compreendendo uma composição farmacêutica compreendendo estrogénio tetra-hidroxilado, de um modo preferido, estetrol, como aqui definido. O kit pode compreender ainda instruções para utilização. A presente invenção é ainda ilustrada pelos exemplos seguintes.
EXEMPLOS
Exemplo 1: Efeito anti-ovulatório de E4 em ratos cíclicos de quatro dias 0 presente exemplo demonstra a atividade antiovulatória de estetrol (E4) após administração oral em ratos cíclicos de quatro dias.
Foram obtidos diariamente esfregaços vaginais de ratos fêmea durante duas semanas antes do início do tratamento para identificar ratos cíclicos de quatro dias. Todos os tratamentos foram administrados oralmente, duas vezes, por dia aproximadamente, às 6:30 da manhã e 4:30 da tarde, durante quatro dias consecutivos (Dias 1-4), começando no dia de estro. Um dia após a dose final (Dia 5) , os ratos foram eutanasiados por asfixia com CO2, aproximadamente, à 1 da tarde, e o número de óvulos por oviduto foi contado através de visualização sob um microscópio de dissecação e registado.
Num estudo, os animais (8 por grupo) foram tratados com E4 (0,03; 0,1; 0,3; 1,0 ou 3,0 mg/kg) ou etinilestradiol (EE) (0,0003; 0,001; 0,003, 0,01 ou 0,03 mg/kg). Ao grupo de controlo foi apenas administrado veículo.
Todos os ratos ovularam quando tratados p.o. com o veículo, enquanto os animais que receberam E4 ou EE mostraram uma diminuição da atividade ovulatória. O tratamento com E4 em doses duas vezes por dia de 0,03 mg/kg não inibiu a ovulação. Nas doses mais levadas, E4 bloqueou a ovulação de um modo relacionado com a dose. A ovulação foi inibida em 2 de 8 ratos a doses de E4 duas vezes por dia de 0,1 mg/kg; em 5 de 8 ratos a 0,3 mg/kg; em 7 de 8 ratos a 1,0 mg/kg e em 8 de 8 ratos a 3,0 mg/kg. A ED50 calculada foi 0,182 mg/kg. O tratamento duas vezes por dia com EE produziu as seguintes respostas: 0,0003 mg/kg e 0,001 mg/kg não inibiram a ovulação; 0,003 mg/kg bloqueou a ovulação em 1 de 8 ratos; 0,01 mg/kg em 4 de 8 ratos; e 0,03 mg/kg em 8 de 8 ratos. A ED50 calculada foi 0,01 mg/kg.
Os resultados deste estudo mostram que E4, bem como EE, apresentam uma atividade anti-ovulatória sob estas condições experimentais.
Noutro estudo, a atividade anti-ovulatória de E4 foi avaliada relativamente àquela de estradiol (E2). Os animais (8 por grupo) foram tratados com E4, E2 ou veiculo (grupo de controlo) . Devido à inclinação da curva dose-resposta, a ED50 anti-ovulatória para E2 não pôde ser calculada, mas verificou-se que estava na gama de 0,03 a 0,1 mg/kg. A ED50 anti-ovulatória para E4 foi estimada como sendo 0,204 mg/kg.
Os resultados deste estudo mostram que E4, bem como E2, apresentam uma atividade anti-ovulatória sob estas condições experimentais.
Em conclusão, os estudos demonstraram que E4 suprimiu a ovulação quando administrado oralmente a ratos cíclicos adultos.
Exemplo 2: Prevenção de gravidez em coelhos
No presente exemplo verificou-se se E4 pode prevenir a gravidez em coelhos.
Dezoito coelhos fêmea comprovadamente férteis, 3 por grupo, foram doseados duas vezes por dia em intervalos de aproximadamente 12 horas durante 14 dias, começando quatro dias antes do acasalamento:
Grupo 1: controlo de veiculo (ASV: cloreto de sódio a 0,9%, polissorbato 80 a 0,4%, carboximetilcelulose a 0,5% e álcool benzilico a 0,9% em água destilada ou desionizada, 1 mL/kg),
Grupo 2: 0,01 mg/kg de E4 em ASV, 1 mL/kg,
Grupo 3: 0,03 mg/kg de E4 em ASV, 1 mL/kg,
Grupo 4: 0,1 mg/kg de E4 em ASV, 1 mL/kg,
Grupo 5: 0,3 mg/kg de E4 em ASV, 1 mL/kg e
Grupo 6: 1,0 mg/kg de E4 em ASV, 1 mL/kg. As doses foram determinadas pelos pesos corporais retirados no primeiro dia de dosagem e foram ajustados de acordo com os pesos obtidos uma semana depois. Cada coelho fêmea acasalou com dois coelhos machos comprovadamente férteis após quatro dias de dosagem. As fêmeas foram necropsiadas dez dias depois e o número de gravidezes foi determinado.
Os resultados do estudo são dados na Tabela 1. No grupo de controlo de veiculo foi observado um total de 25 ovulações. A inibição da ovulação estava claramente presente no grupo de dose de 1,0 mg/kg onde apenas foram observadas 3 ovulações. Os úteros alargados nos coelhos sem corpos lúteos confirmaram a copulação bem-sucedida. No grupo tratado com veiculo, foi observado um número total de 13 gravidezes, resultantes de 15 ovulações (2 animais) . Na dose de 0,1 mg/kg não foram observadas gravidezes, embora tenham ocorrido 20 ovulações. De um modo semelhante, na dose de 0,3 mg/kg, ocorreram 20 ovulações, mas não foram observadas gravidezes.
Tabela 1 Efeitos do controlo de veiculo e diferentes doses de E4 na ovulação e gravidez
Concluiu-se que as doses orais de E4 maiores do que 0,3 mg/kg b.i.d. induzem a inibição da ovulação. As dosagens maiores do que 0,03 mg/kg b.i.d. provocaram a prevenção completa da gravidez.
Exemplo 3: Efeitos de E4 na gravidez dos ratos Wistar 0 objetivo dos presentes estudos foi avaliar os efeitos de E4 na gravidez dos ratos Wistar quando administrado oralmente por gavagem.
Num estudo, a grupos de sete ratos fêmea que acasalaram foi administrado E4 oralmente, por gavagem, a níveis de dose de 30, 60 ou 90 mg/kg/dia desde o Dia 6 ao 17 de gestação, inclusive. A um grupo semelhante de sete ratos foi administrado o veículo, 0,5% p/v de carboximetilcelulose, durante o mesmo período para atuar como controlos. No Dia 20 de gestação, as fêmeas foram examinadas. Não existiram mortes durante o estudo; todos os animais sobreviveram até à necropsia programada. Não existiram observações clínicas inesperadas relevantes ou verificações na necropsia registadas que foram consideradas como estando relacionadas com o tratamento. A perda de peso corporal média do grupo e uma redução marcada na ingestão de alimento média foi observada em todos os grupos de dose durante o período de tratamento.
Noutro estudo, utilizando o mesmo protocolo que o estudo acima, a grupos de sete ratos fêmea que acasalaram foi administrado E4 a níveis de dose de 0,1, 0,3, 1, 3 e 10 mg/kg/dia ou veículo (controlos). Não existiram mortes durante o estudo. Observou-se que três fêmeas no grupo receberam 10 mg/kg/dia e uma fêmea no grupo que recebeu 3 mg/kg/dia estavam encolhidas até ao final do período de gestação. Não existiram outras observações clínicas registadas que foram consideradas como estando relacionadas com o tratamento. A 10 mg/kg/dia, existiu uma perda geral no peso corporal médio durante o período de tratamento, com ingestão de alimento média reduzida. A 0,1, 0,3, 1 e 3 mg/kg/dia, os ganhos no peso corporal médio foram menores que os controlos durante o período de tratamento, com uma redução no peso do útero prenhe médio nos grupos que receberam 0,3, 1 e 3 mg/kg/dia. A 1 e 3 mg/kg/dia, a ingestão de alimento média durante o período de tratamento foi ligeiramente inferior ao do controlo. A um nível de dose inferior a 3 mg/kg/dia, foi observada apenas ligeira toxicidade materna.
Exemplo 4: Estudo de toxicidade de estetrol em macacos
Foi realizado um estudo de dose máxima tolerada (MTD) em macacos cinomolgos fêmea adultos.
Três animais de controlo foram tratados oralmente com veículo, e quatro outros animais foram tratados oralmente com E4 como uma suspensão em veículo a dose únicas crescentes de 1, 10, 100 ou 1000 mg/kg nos dias 1, 3, 6 e 14, respetivamente. Não existiram mortes não programadas durante a condução do estudo. Não existiram sinais clínicos principais relacionados com o tratamento com E4. Os únicos sinais clínicos adversos foi emese num animal tratado com E4 na dose de 1000 mg/kg, aproximadamente, 12 h após a dosagem. Não foram observados efeitos no peso corporal ou em parâmetros hematológicos. A química clinica mostrou níveis diminuídos de fósforo inorgânico em 2 de 3 animais de controlo e em 3 de 4 dos animais tratados com 1 mg/kg de E4 no dia após dosagem. Posteriormente, foram observados níveis diminuídos em todos os animais tratados com E4 após a dose de 100 mg/kg e num animal de controlo e todos os animais tratados com E4 após a dose de 1000 mg/kg. Esta verificação é provavelmente de menor relevância.
Foram observadas verificações menores em alguns parâmetros hepáticos (aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT)) num animal de controlo e num animal tratado com E4. Contudo, não foram evidentes verificações aparentes relacionadas com dose ou item de teste. A necropsia geral não revelou quaisquer verificações inusuais.
Concluiu-se que o tratamento oral único de macacos cinomolgos com E4 até doses de 1000 mg/kg foi bem tolerado e não revela qualquer verificação toxicológica relevante.
Exemplo 5: Segurança, tolerabilidade, farmacocinética e farmacodinâmicas de uma única dose de E4 em mulheres pós-menopáusicas saudáveis
No presente exemplo, foi avaliada a segurança, tolerabilidade, farmacocinética e farmacodinâmica de uma dose crescente única de E4 (0,1, 1, 10 e 100 mg) em mulheres pós-menopáusicas saudáveis.
Foi realizado um estado de dose crescente única, controlado por placebo, aleatorizado, de dupla ocultação (0,1, 1, 10 e 100 mg de E4) em mulheres pós-menopáusicas saudáveis. Foram inscritos 32 voluntários do sexo feminino pós-menopáusicas saudáveis entre os 53 e 69 anos de idade. A menopausa foi definida como >12 meses de amenorreia ou 6 meses de amenorreia com níveis de FSH séricos >40 IU/I e E2 sérico <73 pmol/L. Os grupos de tratamento foram comparáveis em relação aos parâmetros demográficos e características. Foi atribuído um total de 8 indivíduos a cada grupo de dose; seis indivíduos receberam tratamento ativo e dois indivíduos receberam placebo.
Segurança Não foram reportados eventos adversos graves ou severos. Um evento adverso foi de moderada intensidade (dor nas costas, classificada como não relacionada), todos os outros foram leves. Um evento adverso (AE) notável foi referido num indivíduo do grupo de dose mais elevada (100 mg de E4) : uma reação alérgica (urticária), o qual foi considerado como não sendo sério, leve e provavelmente relacionado com E4. O indivíduo recuperou completamente em diversas horas. Testes de alergia após o estudo falharam na confirmação de uma resposta alergia direta a E4 ou à solução de teste utilizada no estudo. Os AE mais frequentemente observados ocorram nas classes de sistemas de órgãos Distúrbios do Sistema Nervoso e Distúrbios Gastrointestinais em indivíduos em todos os grupos de dosagem, incluindo indivíduos tratados com placebo (ver Tabela 2). O número e natureza dos AE foi semelhante em indivíduos no placebo e em 0,1, 1,0 e 10 mg de E4. O número de AE (todos os AE e AE relacionados) foi mais elevado em indivíduos em 100 mg de E4. Não foi observada acumulação de AE específicos em qualquer grupo de tratamento. O número de indivíduos que refere AE foi comparável entre os grupos de tratamento com o número mais baixo no grupo de 10 mg, no qual ocorreu apenas um AE. Não existiram alterações notáveis em ECG, qualquer dos testes laboratoriais ou sinais vitais.
Tabela 2 Eventos adversos relacionados com fármaco, referidos por mais do que um indivíduo em qualquer grupo de dose
Em conclusão, os resultados deste estudo mostraram que E4 após administração única a uma dose até 100 mg, é segura e bem tolerada.
Farmacocinética
As representações gráficas das concentrações plasmáticas médias de E4 versus tempo do grupo de 1 mg, 10 mg e 100 mg são apresentadas na Figura 1. Os perfis de concentração plasmática não puderam ser determinados em indivíduos do grupo de 0,1 mg.
Os dados farmacocinéticos de E4 foram muito consistentes dentro de cada grupo de dose e em toda a gama de dose estudada. A variabilidade interindividual foi bastante baixa. A absorção de E4 foi extremamente rápida e seguida por rápida redistribuição. A reabsorção foi evidente durante as primeiras 18 h após ingestão oral. O composto foi eliminado com uma meia-vida terminal de 28 horas (varia entre 18-60 h) .
Os valores de AUCo-·» foram proporcionais à dose oral na gama desde 10 a 100 mg de E4.
Os valores de Cmáx foram proporcionais na gama desde 1 a 100 mg de E4. Os valores da meia-vida terminal e de eliminação fracionai não foram afetados pelo nível de dose.
Em conclusão, os resultados do presente estudo mostram que, na gama de dose testada, E4 tem uma bioabsorção oral elevada e proporcional à dose com um perfil plasmático consistente devido à pouca variação interindividual, e a uma meia-vida de eliminação terminal notavelmente longa de cerca de 28 horas.
Farmacodinâmica
Os dados farmacodinâmicos mostraram uma clara inibição dependente da dose de níveis plasmáticos de LH por E4 até 48 horas após a dosagem. A supressão média máxima foi 48% às 4 horas após a dosagem. Uma segunda baixa de LH de 45% é observada às 12 horas após a dosagem, síncrona com os valores médios de E4. A alteração na percentagem dos níveis de LH do grupo de 100 mg é mostrada na Figura 2.
Uma inibição prolongada e profunda dos níveis de FSH, com uma supressão máxima de 41% às 48 h após a dosagem, poderia ser também estabelecida no grupo de dose de 100 mg (não medido nos outros grupos de dosagem) até 168 horas (1 semana) após a dosagem. A alteração na percentagem dos níveis de FSH do grupo de dose de 100 mg é apresentada na Figura 3.
Alguns parâmetros sensíveis a estrogénio, de reação rápida, relacionados com o metabolismo hepático e ósseo foram apenas determinados no grupo de dose de 100 mg. Foram notados um ligeiro aumento nos triglicéridos e uma ligeira diminuição no LDL-colesterol e apolipoproteína-BlOO. Foram observadas alterações mínimas nos parâmetros ósseos osteocalcina e C-telopéptido. Não foram observadas alterações relevantes nos parâmetros de coagulação Fator XII e plasminogénio. Foi observado um ligeiro aumento em SHBG e CBG. O perfil global sugere efeito mínimo no metabolismo hepático. A interpretação dos dados farmacodinâmicos deve ser realizada com cuidado tendo em consideração o pequeno número de indivíduos e a administração de dose única. Não ocorreu estimulação endometrial significativa, uma vez que nenhum dos indivíduos experienciou uma hemorragia de privação após descontinuação do progestogénio após o tratamento.
Em conclusão, os efeitos de E4 nos níveis de LH e FSH denotam uma forte potência de inibição da gonadotrofina central do composto.
Exemplo 6: Estudo de inibição da ovulação de estetrol em mulheres saudáveis com vim ciclo menstrual regular 0 presente exemplo mostra a inibição da ovulação com uma dose única de estetrol após administração oral em mulheres saudáveis com um ciclo menstrual regular. É realizado um estudo cruzado, controlado por placebo, de dupla ocultação, aleatorizado, em mulheres saudáveis com um ciclo menstrual regular. As mulheres não utilizam um contracetivo hormonal e um ciclo menstrual regular é definido como um ciclo menstrual de entre 24-35 dias. As mulheres são aleatorizadas para um dos grupos de tratamento, foi atribuído um total de 20 mulheres a cada grupo de tratamento. Em cada grupo de tratamento, cada mulher recebe uma dose oral de estetrol (e. g., 50 mg, 75 mg ou 100 mg de estetrol) num ciclo de tratamento e uma dose oral de placebo noutro ciclo de tratamento (cruzado).
Os indivíduos são primeiro rastreados num ciclo de pré-tratamento (i. e., um ciclo menstrual regular) para investigar o desenvolvimento de folículos e para confirmar a ovulação. O desenvolvimento folicular e endométrio são medidos por ultrassom transvaginal (TVUS) a cada 3 dias, começando no dia 6 do ciclo menstrual até ser observada ovulação. Quando é medido um diâmetro de foliculo de 13 mm, os indivíduos são observados de dois em dois dias ou a cada dia. Um ovulação é considerada como sendo confirmada se foi medido um valor de progesterona (P) sérico d 16 nmol/L. A fase lútea deve ser, pelo menos, 10 dias.
Num ciclo de tratamento, o desenvolvimento folicular e endométrio são medidos por TVUS a cada 3 dias, começando no dia 6 do ciclo menstrual até o foliculo principal ter > 18 mm. Quando é medido um diâmetro de diâmetro de 13 mm, os indivíduos são observados de dois em dois dias ou a cada dia. Os indivíduos são tratados (com uma dose oral única de estetrol ou placebo) quando o foliculo principal tem > 18 mm. Após o tratamento, o indivíduo é seguido até 6 dias por TVUS diário e recolha de amostras de sangue para medir os níveis hormonais (FSH, LH, E2, P) . No caso do foliculo ter já rompido, o indivíduo é ainda tratado.
Exemplo 7: Eficácia, segurança e tolerabilidade de estetrol em comparação com levonorgestrel para contraceção de emergência em mulheres saudáveis de idade reprodutiva O presente exemplo mostra a eficácia, segurança e tolerabilidade de estetrol em comparação com levonorgestrel (LNG) para contraceção de emergência em mulheres saudáveis em idade reprodutiva. É realizado um estado controlado ativo, multicêntrico, de dupla ocultação, aleatorizado, prospetivo, em mulheres saudáveis em idade reprodutiva com um ciclo menstrual regular que se apresentam para contraceção de emergência 48 a 120 h após relação sexual desprotegida. As mulheres têm, pelo menos, 18 anos, não utilizam contraceção hormonal e um ciclo menstrual regular é definido como um ciclo menstrual de entre 24-35 dias. As mulheres são aleatorizadas para receberem entre 48 h e 120 h após relação sexual desprotegida, um tratamento único com uma dose de 50 a 100 mg de E4 ou uma dose de 1,5 mg de LNG com visitas de seguimento aos 5-7 dias após o inicio esperado da menstruação e outra visita aos 12-14 dias após o inicio esperado da menstruação (se necessário). Estão a participar no estudo 40-45 mulheres por local clinico, com um total de 40-45 sitios clinicos.
As taxas de gravidez pós-tratamento são comparadas entre os grupos de tratamento. A gravidez (eficácia) é determinada pela deteção da hormona da gravidez gonadotrofina coriónica humana (hCG) no soro e retorno da menstruação.
Os padrões de sangramento menstrual são avaliados até ao seguimento cerca de uma semana após a menstruação seguinte. A segurança e tolerabilidade são avaliadas por determinação de parâmetros laboratoriais de segurança rotineiros (hematologia, bioquímica e urinálise), sinais vitais, realizando exames físicos, ginecológicos e da mama, pressão sanguínea, frequência cardíaca, peso corporal, e monitorizando eventos adversos (graves) até ao seguimento cerca de uma semana após a menstruação seguinte.
Lisboa, 23 de junho de 2017

Claims (12)

  1. REIVINDICAÇÕES
    1. Método de contraceção de emergência numa fêmea de mamífero compreendendo a administração de um contracetivo de emergência compreendendo estrogénio tetra-hidroxilado representado pela formula (I) geral:
    ¢1) em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo, um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono, ou um grupo ceto; de um modo preferido, em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo ou um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono; em que cada de R5, R6, R7 é um grupo hidroxilo; e em que não mais do que 3 de Rl, R2, R3, R4 são átomos de hidrogénio, numa quantidade eficaz para inibir a gravidez num mamífero fêmea, em que a referida administração é realizada através de administração não vaginal.
  2. 2. Método de acordo com a reivindicação 1, em que a referida administração é realizada através de administração oral, parentérica, retal, transcutânea ou tópica.
  3. 3. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 ou 2, em que o referido contracetivo de emergência compreende ainda um sal ou excipiente farmaceuticamente aceitável.
  4. 4. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 3, em que o referido contracetivo de emergência compreende ainda um ingrediente ativo adicional adequado para prevenir a gravidez.
  5. 5. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 4, em que o referido estrogénio tetra-hidroxilado é estetrol (1,3,5 (10)-estratrien-3, 5a,16a,17p-tetrol) .
  6. 6. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 5, em que o referido contracetivo de emergência compreende o estrogénio tetra-hidroxilado numa dose de entre 0,5 e 7 mg/kg, entre 1,0 a 5,0 mg/kg, entre 1,5 a 2,5 mg/kg, ou de cerca de 2,0 mg/kg
  7. 7. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 5, em que o referido contracetivo de emergência compreende o estrogénio tetra-hidroxilado numa dose de entre 30 mg e 400 mg, de entre 40 mg e 250 mg, de entre 40 mg e 200 mg, de entre 40 mg e 150 mg, de entre 40 mg e 100 mg, de entre 50 mg e 100 mg, ou de cerca de 100 mg de estetrol.
  8. 8. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 7, em que a administração é realizada numa dosagem única.
  9. 9. Método de acordo com as reivindicações 1 a 7, em que a administração é realizada numa dosagem dupla, e. g., com um intervalo de 6, 12, 18, ou 24 horas.
  10. 10. Método de acordo com qualquer uma das reivindicações 1 a 9, em que a referida administração é realizada nas 120 horas após a relação sexual, de um modo preferido, nas 96 horas, nas 72 horas, nas 48 horas, nas 24 horas, nas 12 horas ou menos.
  11. 11. Utilização de um estrogénio tetra-hidroxilado representado pela fórmula (I) geral:
    em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo, um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono, ou um grupo ceto; de um modo preferido, em que Rl, R2, R3, R4, independentemente, são um átomo de hidrogénio, um grupo hidroxilo ou um grupo alcoxilo com 1-5 átomos de carbono; em que cada de R5, R6, R7 é um grupo hidroxilo; e em que não mais do que 3 de Rl, R2, R3, R4 são átomos de hidrogénio, como um contracetivo de emergência, em que a administração do referido estrogénio tetra-hidroxilado é realizada através de administração não vaginal.
  12. 12. Utilização de acordo com a reivindicação 11, em que a administração do referido estrogénio tetra-hidroxilado é realizada através de administração oral, parentérica, retal, transcutânea ou tópica. Lisboa, 23 de junho de 2017
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